SRS 2024 | Tabaqueira
Temos a honra de poder contar com a Tabaqueira como Parceira Gold da SRS 2024. Quais as principais expectativas que tem relativamente a esta iniciativa?
Para a Tabaqueira e para o grupo a que pertence, a Philip Morris International (PMI), cujo modelo de negócio assenta numa visão da sustentabilidade a 360º, colocando-a no centro de todas as decisões de gestão, a Semana da Responsabilidade Social é um momento crucial para o mundo corporativo nacional, no sentido em que, de forma contínua, tem sinalizado junto dos decisores – empresariais, políticos, económicos, privados e públicos – a importância de refletirem sobre o propósito das suas organizações: o desenvolvimento sustentável, o planeta e os seus recursos, a inclusão e a equidade e a criação de valor de forma transversal na sociedade. Esta é missão da APEE e é também o que está no centro da transformação do negócio da Tabaqueira e da PMI. No caminho pela sustentabilidade, como organização, estamos permanentemente a inovar, colocando em marcha ações que garantem um futuro mais sustentável e equitativo para todos. E, por isso, a aproximação da nossa empresa aos seus stakeholders – parceiros de negócio, outras empresas, governos, organismos públicos, academia, parceiros sociais, economia social e sociedade civil – representa, para nós, uma enorme oportunidade para partilhar a nossa experiência, mas também de aprendizagem e construção de novas parcerias que robustecem a nossa capacidade de pensar, de fazer melhor e que nos torna mais competitivos, enquanto cuidamos do planeta e das pessoas. Desde que colocámos a sustentabilidade no centro do nosso negócio, temos construído um caminho de muitas vitórias, reconhecido através de várias certificações e distinções, mas também de muita aprendizagem. É a partilha da nossa experiência e do nosso percurso que nos traz até iniciativas como esta.
A Tabaqueira assume a sustentabilidade como o seu modelo de negócio. No que definiram como Roteiro 2025, como quadro estratégico em termos de sustentabilidade, que aspetos consideram ser os mais desafiantes?
Para a Tabaqueira e para a PMI, a sustentabilidade significa criar valor – a curto, médio e longo prazo – e, simultaneamente, minimizar as externalidades negativas associadas à sua atividade. É aqui que residem os nossos maiores desafios: reduzir o impacto dos nossos produtos e das nossas operações, nas dimensões ambiental e social. Desde 2016, a Philip Morris International (PMI) tem em marcha uma verdadeira mudança transformacional no paradigma de negócio e gestão, tendo assumido a ambição de alcançar um futuro livre de fumo. Acreditamos que só conseguiremos alcançar esse nosso propósito integrando a sustentabilidade em todos os aspetos do nosso negócio – incluindo no portefólio dos nossos produtos.
A Tabaqueira, como subsidiária da PMI, ambiciona transformar-se numa empresa em que os cigarros são um produto do passado, substituindo completamente o seu consumo por produtos sem combustão que são cientificamente comprovados como menos nocivos. Desde 2008, investiu significativamente no desenvolvimento, avaliação científica e comercialização destes produtos inovadores sem combustão. A empresa também está a expandir-se para as áreas de saúde e bem-estar, utilizando toda a experiência adquirida nas diversas áreas das ciências da vida para desenvolver produtos que melhorem a qualidade de vida dos consumidores.
Tal como já referido, o nosso propósito é substituir completamente os cigarros por produtos sem combustão e fumo o mais rapidamente possível, enquanto se estabelece uma base sólida para um negócio robusto nas áreas de bem-estar e saúde. A empresa está empenhada em criar valor a longo prazo, reconhecendo a importância das diversas partes interessadas na aceleração do progresso desta transformação, e na verificação dos resultados da mesma. Temos desenvolvido indicadores de desempenho específicos para medir e comunicar o nosso progresso, destacando a alocação de recursos para além do negócio tradicional de produtos de tabaco e nicotina.
Assim, temos feito robustos investimentos com o objetivo de reduzir os impactos sociais e ambientais dos nossos produtos. O impacto do consumo de cigarros na saúde é, sem dúvida, o mais significativo que estamos a abordar. Para mitigá-lo, desde 2008, o grupo já investiu cerca de 12 mil milhões de euros no desenvolvimento, produção e comercialização de melhores alternativas aos cigarros, sem combustão, de menor nocividade, baseadas em evidência científica e com recurso a tecnologia de ponta. Mais de 36,5 milhões de fumadores adultos em todo o mundo já transitaram estas melhoras alternativas desenvolvidas pela PMI e, neste momento, que neste momento já são comercializadas em mais de 90 mercados. Garantir que o acesso a estes produtos aumenta e permita que mais fumadores adultos, em todo o mundo e em Portugal, abandonem definitivamente os cigarros, é, pois, um dos principais eixos do nosso roteiro.
Por outro lado, estamos absolutamente focados na redução do impacto ambiental das nossas operações – e falo concretamente da fábrica da PMI em Portugal, localizada no concelho de Sintra, e que é hoje uma das 18 unidades fabris do grupo em todo o mundo certificadas em neutralidade carbónica. Já no eixo social, colocamos verdadeiramente as pessoas no centro da nossa política de sustentabilidade sendo crucial, no nosso dia-a-dia, a promoção de um ambiente de trabalho diverso, equitativo e inclusivo. Na Tabaqueira, temos a Certificação em Igualdade Salarial, que garante para a mesma função o pagamento de salários iguais a homens e mulheres, certificação que temos renovado desde então, enquanto 48% dos cargos de gestão no mercado português são ocupados por mulheres. À data de hoje, empregamos cerca de 1.500 trabalhadores, de quase 40 nacionalidades diferentes e impactamos uma cadeia de valor de cerca de 50.000 pessoas.
A Tabaqueira pode de facto construir um futuro livre de fumo? Porquê?
A Tabaqueira, enquanto um dos principais centros produtivos da PMI, tem um papel central na construção de um futuro livre de fumo. Por exemplo, é na Tabaqueira e em Portugal que se localizam vários centros de excelência e departamentos globais da PMI, que prestam serviços de elevado valor acrescentado a várias regiões e mercados do grupo. É o caso do IT HUB que desenvolve aplicações de software que dão suporte a várias áreas do grupo, incluindo toda a cadeia de produto, comercialização e criação de valor, que apoia ativamente a área de desenvolvimento de alternativas sem fumo, menos nocivas. Importa referir que a localização em Portugal destes centros operacionais e de excelência é fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável do nosso ecossistema empresarial, no sentido em que geram imenso valor acrescentado em termos económicos e criam emprego qualificado, jovem e multicultural. Hoje, praticamente metade dos trabalhadores da Tabaqueira têm menos de 35 anos.
Além disso, a forma como a fábrica da Tabaqueira opera também impacta no nosso desígnio de um futuro livre de fumo, pois uma grande parte do investimento da PMI na operação portuguesa – cerca de 418 milhões de euros – tem sido dirigida para a promoção da eficiência energética e para a transição para as energias renováveis. Aproveito para destacar a instalação de uma central fotovoltaica com capacidade produtiva de 1MW, que permite a incorporação de energia elétrica para autoconsumo da fábrica, cuja ampliação estamos a trabalhar. Face a 2010, conseguimos reduzir o consumo de energia da operação fabril e à data de hoje já registamos menos 45%; também verificámos uma redução de 75% das emissões de carbono, o que nos garantiu a certificação PAS 2060, que assegura a neutralidade carbónica da fábrica da Tabaqueira (incluindo emissões de CO2 compensadas).
Entre muitas outras iniciativas, penso que estas são um resumo da forma como a Tabaqueira está na linha da frente da descarbonização e do combate às alterações climáticas, abordando os desafios com recurso ao investimento em tecnologia, investigação e desenvolvimento, ciência e inovação.
A CDP considerou em 2023 a Philip Morris International uma das 12 organizações no mundo com “Triple A”, distinção que reconhece os esforços da empresa em três áreas específicas: combate às alterações climáticas, proteção das florestas e da segurança da água. Que significado tem este reconhecimento para uma indústria como a vossa?
Ser a primeira empresa de tabaco a obter o selo “Triple A” por parte do CDP é, de facto, particularmente importante. Enquanto líder deste setor e dos impactos dos seus produtos na saúde, enfrentamos um escrutínio muito forte por parte de reguladores, governos e sociedade, pelo que este tipo de distinção ganha uma grande dimensão. Esta conquista permite desfazer tabus e paradigmas, desafiando a perceção de que empresas de tabaco não podem ser líderes em sustentabilidade. O nosso percurso, desde 2016, demonstra que é possível liderarmos tendo a sustentabilidade como bússola no nosso negócio, incorporada em tudo o que fazemos. Queremos também servir de exemplo e, com estas distinções, inspirar outras empresas da indústria a transformarem-se em prol de um mundo sem fumo. Sobretudo, estas distinções, fazem-nos querer acelerar a nossa transformação e trabalhar ainda mais arduamente para atingir o nosso propósito enquanto organização. Na verdade, o reconhecimento de entidades externas permite-nos avaliar o nosso desempenho em matéria de sustentabilidade e a identificar áreas de melhoria que podem permitir melhor significativamente o desempenho da nossa empresa.
Recentemente foi aprovado o “Pacto para o Futuro” que consubstancia cinco áreas de atuação. Qual ou quais a(s) área(s) mais importante(s) para a vossa Organização e porquê?
A PMI tem um papel essencial a cumprir na melhoria da qualidade de vida dos mais de 1.000 milhões de fumadores em todo o mundo. No desígnio que assumimos de construir um futuro melhor sem fumo, beneficiando positivamente a melhoria da saúde pública, não nos limitamos a dizer que estamos a contribuir para, mas sim que estamos a implementar ações concretas. Trabalhamos todos os dias para transformar o nosso negócio, investindo em Investigação & Desenvolvimento de produtos sem combustão, cientificamente substanciados como sendo menos nocivos do que os cigarros, que se assumam como verdadeiras alternativas aos cigarros e sejam acessíveis a todos os adultos fumadores que, de outra forma, continuariam a fumar – ao mesmo tempo que dedicamos muitos recursos à implementação de robustos programas de prevenção de acesso de jovens a produtos de tabaco e nicotina em canais indiretos de revenda, garantindo que as vendas dos nossos produtos cumprem os nossos exigentes e restritos códigos de marketing. A comercialização de todos os nossos produtos, incluindo as alternativas sem combustão, é acompanhada de informação transparente e cientificamente substanciada aos fumadores adultos e estes produtos nunca devem ser disponibilizados a menores. A totalidade dos parceiros de negócio da Tabaqueira (100%) têm acesso direto à formação relativa ao programa de Prevenção de acesso a menores. Por outro lado, promovemos o trabalho digno e o crescimento económico e estabelecemos parcerias para a implementação do nosso roteiro de sustentabilidade, sobretudo, para redução do desperdício pós-consumo e sensibilização para o correto descarte de produtos no fim do ciclo de vida. Promovemos a biodiversidade, enfrentamos os desafios críticos da água, garantimos a não conversão dos ecossistemas naturais e travamos a desflorestação nas nossas cadeias de abastecimento de tabaco e de pasta de papel e papel. Estamos sensíveis às alterações climáticas e enfrentamo-las, não só nas nossas fábricas, como em toda a nossa cadeia de valor, incluindo o transporte e distribuição, o cultivo de tabaco, as viagens de negócios e o impacto da deslocação dos nossos mais de 80 mil trabalhadores. Ao mesmo tempo que promovemos um ambiente laboral inclusivo e que empodera as pessoas, criando condições laborais equitativas e justas, com acesso à aprendizagem ao longo da vida, melhorando a representação local e de género na gestão a nível global. Este trabalho em prol da sustentabilidade é orientado muito concretamente pelos ODS e pela Agenda 2030.
Que mensagem final deixa aos vossos stakeholders, tendo em consideração a tagline da SRS 2024 “O Nosso Futuro Comum”?
Na Semana da Responsabilidade Social 2024 o tema é “O Nosso Futuro Comum” e na Tabaqueira a nossa missão é alcançar um “futuro melhor para todos”. Estamos a trabalhar, enquanto organização e em conjunto com outros parceiros, para o futuro das próximas gerações. Como já referi, as pessoas são um dos pilares da nossa política de sustentabilidade e é nosso propósito melhorar a sua qualidade de vida, não só dos nossos trabalhadores, como toda a nossa cadeia de valor. A nossa cadeia de valor global liga-nos a milhões de pessoas, desde os produtores e agricultores que cultivam o nosso tabaco e outros produtos agrícolas, aos trabalhadores das companhias de abastecimento e outras que fornecem os produtos e serviços que precisamos para gerir e desenvolver o nosso negócio. A promoção e adesão a práticas empresariais sustentáveis nas nossas operações diretas e indiretas ajuda a salvaguardar os direitos humanos, a melhorar as condições de trabalho, a disponibilizar alternativas sem fumo e de potencial menor nocividade a todos os adultos fumadores que de outra forma continuariam a fumar, a promover a melhoria de condições e segurança dos nossos trabalhadores, a combater as desigualdades sociais e a contribuir para a redução da pobreza. Esta é a mensagem que posso deixar para concluir: para nós, melhorar a qualidade de vida das pessoas na nossa cadeia de abastecimento é um dos principais contributos para a nossa preparação, resiliência e sucesso a longo prazo, por um futuro melhor para todos!
Marcelo Nico, Diretor Geral da Tabaqueira