– Recomendação da OCDE Sobre Integridade Pública, adotada em 2 de maio de 2018 pelo Conselho de Prevenção da Corrupção, que chama à ação precisamente sobre esse tema, ao “priorizar o Princípio da Integridade como linha orientadora na prevenção de corrupção e infrações conexas”;
– Programa do XXII Governo Constitucional, no qual, dentro do capítulo “Melhorar a qualidade da Democracia”, apresenta algumas medidas de combate à corrupção.
Universidade de Coimbra acolheu a Sessão AI. Ethics
No dia 16 de maio, realizou-se no Auditório Student Hub [Edifício da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Rua Larga, r/c, 3004-504 Coimbra], mais uma sessão do programa AI.Ethics.
O evento contou com a abertura de Mário Parra da Silva, Presidente da APEE e Secretário-Geral da UNA Portugal, que propôs uma reflexão responsável sobre os limites, oportunidades e responsabilidades que as tecnologias nos trazem. José Manuel Silva, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, referiu o papel fulcral dos Princípios, Valores e da Ética na Inteligência Artificial. A terminar o painel de abertura, Amílcar Falcão, Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, refletiu sobre o efeito da Inteligência Artificial na Sustentabilidade.
Seguiu-se a intervenção de Ernesto Costa, Professor Catedrático do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra, com o tema “Ética como Geradora e Suporte de Confiança”. Tal como nos fala a recomendação sobre a Ética na IA da UNESCO, é necessário também que exista uma interligação entre todas as partes interessadas, nomeadamente entre as empresas, os cientistas, os governos, as organizações e as próprias pessoas.
Realizou-se um debate sobre Ética na Inteligência Artificial, moderado por Mário Parra da Silva, Presidente da APEE e Secretário-Geral da UNA Portugal, que contou com a intervenção de Amílcar Cardoso, Vice-Presidente do Instituto Pedro Nunes e de Gonçalo Quadros, Co-Fundador e Chairman da Critical Software.
A sessão encerrou com o segmento “A Ética na Inteligência Artificial”, onde AnaSaraiva, Project Manager da APEE, e Gonçalo Diniz, Consultor da APEE, apresentaram as principais conclusões da Recomendação da UNESCO sobre a Ética da Inteligência Artificial, documento publicado em 2022, que considera a Ética como base para a avaliação e a orientação normativa das tecnologias de Inteligência Artificial. Foi igualmente apresentado o programa AI.Ethics, mencionando o seu processo de avaliação e as suas diferentes etapas, com vista à emissão de selos de transparência e explicabilidade de algoritmos.
Processo de Reconhecimento – Selos de Transparência e Explicabilidade de Algoritmos
A organização contrata o processo de reconhecimento e aceita a respetiva fee;
Seguindo critérios pré-estabelecidos pelo Programa AI.ethics, a organização declara a sua disponibilidade para que os seus sistemas de IA, próprios ou contratados, sejam escrutinados e realiza uma autoavaliação;
A APEE, com a colaboração dos stakeholders apropriados, analisa a autoavaliação e, caso o parecer seja favorável, emite um Selo de Qualificação (que poderá ter vários níveis) relativo à confiança ética dos sistemas de IA em causa;
A partir dessa etapa, e durante um determinado período, serão realizados “testes de stress” aos algoritmos dos sistemas de IA, numa periodicidade que seja adequada aos riscos que os sistemas evidenciem;
Os Selos seguintes dependerão da conformidade aos seus requisitos;
Será aberto, para cada Selo emitido, um canal digital de comunicação, a ser utilizado pelas organizações aderentes, para serem informados quanto a ocorrências positivas ou negativas, atribuídas ao funcionamento do algoritmo, de acordo com o juízo do comunicante;
A empresa é regularmente informada, de modo a que possa reagir como entender à ocorrência e a APEE colabora na procura de soluções, dentro das suas competências;
O Selo é renovável mediante nova avaliação. A emissão do Selo e as suas renovações estão sujeitas a pagamento;
Cada Selo tem uma determinada validade, e deverá ser renovado nas condições que vierem a ser estabelecidas no Regulamento AI.ethics.
E depois, fica por aqui?
Não. A APEE envolve-se em todo o processo de melhoria e acompanhará o seguimento de todo o processo, avaliando o impacte detetado e, se for o caso, elaborando propostas de correção ou melhoria do sistema. O desfecho da avaliação e possíveis passos seguintes serão comunicados à entidade que detetou o impacte negativo.
E se não obtiver o devido reconhecimento?
Caso algum dos sistemas utilizados não supere um determinado teste, ou tenha sido identificado algum impacte comprovadamente negativo, e a organização não consiga ou não deseje corrigi-lo, deixará de fazer parte da plataforma, perdendo os selos de Reconhecimento já adquiridos.
A Candidatura ao Reconhecimento Criar Valor com Valores contempla a distinção de Organizações que desenvolvam referenciais de Ética e assumam formal e explicitamente um compromisso com o cumprimento de referenciais de Ética, como forma de criar valor para as suas partes interessadas. Para o efeito é utilizada como estrutura principal de referência a Norma Portuguesa (NP) 4460-1:2007 Ética nas Organizações.
Reconhecimentos a atribuir:
Diploma de Admissão ao Reconhecimento.
Menção Honrosa do Júri.
Reconhecimento do Júri.
Benefícios para as Organizações reconhecidas:
Oportunidade de publicação do Código de Ética/ Conduta ou documento equivalente, no Website da APEE.
Possibilidade de exibirem um “pitch” em evento da APEE.
Oportunidade de automaticamente serem candidatas à Medalha de Mérito da APEE, atribuída pela Direção da Associação, em evento público.
Possibilidade de integração, a título individual, no Conselho de Ética da APEE, por três anos, na qualidade de “Conselheiro de Ética”, do/a Gerente, Administrador(a) ou CEO da organização premiada.
Período de Candidaturas:
As candidaturas da primeira edição decorrem de 1 de junho a 29 de setembro de 2023.
O domínio Assessment / Formação é constituído pela seguinte metodologia de trabalho:
Formação: 3 Workshopsonline sobre Ética nas Organizações: Para quê? Como? Apresentação de Business Cases e Reporting. Cada Workshop terá a duração de 2 horas e incluirá a realização de trabalhos entre Workshops (modalidade flipped learning).
Reunião online de Assessment, com duração de até 2 horas, para avaliação de situações e de tipos de Códigos de Ética a alterar ou ciar.
Reunião online de Assessment / Formação para acompanhamento da elaboração/ melhoria de Códigos de Ética. O número de reuniões, com duração de até 2 horas, é variável e depende da dimensão da organização (consultar o Regulamento).
Após o período de Assessment/ Formação, a organização, caso assim entenda, poderá candidatar-se ao Reconhecimento Criar Valor, com Valores, ao domínio Comunicação ou integrar um novo grupo do domínio Assessment / Formação.
A equipa técnica da APEE é constituída por especialistas em Ética.
Período de adesão ao domínio Assessment / Formação:
As organizações podem aderir ao domínio Assessment/ Formação a qualquer momento, pois a adesão decorre em contínuo.
A APEE, face às candidaturas recebidas no presente domínio, produzirá um cronograma de execução.
E assim, temos a Ética outra vez. Agora à volta da Inteligência Artificial, AI, acrónimo internacional. A equação é simples: para que a indústria AI funcione sem problemas de maior, terá de oferecer explicabilidade e alguma transparência dos algoritmos em que se baseia. Ou seja, para que a Indústria seja bem sucedida no seu negócio tem de inspirar e manter confiança nos seus públicos.
Houve sempre quem se deslumbrasse perante uma nova tecnologia, anunciando que o mundo nunca mais seria o mesmo.
Mas o mundo permaneceu o mesmo. As Pessoas continuaram a querer fazer as suas vidas em Paz e com bem-estar, estar livres da pobreza e da fome, ter acesso a cuidados de saúde e criar os seus filhos dando-lhes boa educação, serem respeitadas e sentirem-se tratadas como iguais, mulheres ou homens, de qualquer cor de pele, ou qualquer que seja a sua preferência pessoal nos vários domínios da vida.
Fazer o bem e o fazer mal continuaram a ser uma opção, nem sempre clara, nunca fácil, mas não mudaram bases de valores e princípios que orientam para vidas mais felizes, empresas mais bem sucedidas no médio e longo prazo (mesmo que a curto prazo pareçam perder oportunidades de lucros fáceis) , instituições mais robustas e respeitadas, países que oferecem aos seus povos melhores condições de vida.
Isso mesmo sentiram os “founding parents” que nas Nações Unidas, em 2015, lançaram a grande e global Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com os seus 17 Objetivos e 169 metas, verdadeiro guia para toda a Humanidade criar melhores condições de vida e trabalho para as Pessoas ao mesmo tempo que restaura uma relação com a Natureza que se encontra ainda profundamente degradada.
São assim propostos novos valores e princípios de uma Ética da Sustentabilidade, ou para uma economia global. Mas, pasme-se, só parecem novos porque os tínhamos esquecido, no deslumbre do crescimento sem fim, da prosperidade sem preço, do ter sem ser, do possuir sem servir, do gozar sem tempo futuro, do abuso sem respeito.
Quando começámos a compreender todo o dano que a economia sem valores causa(va) traduzimos isso na linguagem do tempo – não era Ética o que faltava, mas sim lidar com o “risco” – e inventariaram-se os Riscos.
Mas antes disso era essencial colocar a pergunta – porque há Riscos? A resposta foi “porque as Pessoas reagem ao que lhes parece errado”. E daí? E daí deixam de comprar, de investir, de preferir, de apoiar. E daí? E daí as ações perdem valor, as empresas não conseguem obter recursos e as administrações são despedidas.
A conclusão é óbvia – ou nos portamos bem, ou teremos de gastar muito dinheiro em comunicação e reputação, com resultado sempre duvidoso, para mais numa era de redes sociais. É melhor portarmo-nos bem, é mais barato e produz Confiança.
Mesmo que queiram evitar a palavra, aí está a ética outra vez, a discussão e reflexão sobre o que é bom ou mau para a vida e sobrevivência de pessoas, empresas e instituições.
E se isto ainda era pouco claro então a UNESCO mostrou que na AI teria de ser muito claro. Porque os impactes de o não ser podem ser muito danosos para a Confiança e, portanto, para a AI, enquanto Indústria, e para a Humanidade, ainda impreparada para lidar com estas novas ferramentas tecnológicas. Como é obvio alguns estarão demasiado embrenhados no jogo da concorrência e do “sucesso” que não quererão ouvir ou levar em conta os Riscos que aqui estão subjacentes, mas teremos de mostrar que o verdadeiro sucesso, como em anteriores revoluções tecnológicas se viu, está no serviço às Pessoas, melhorando a sua vida e condições de trabalho.
A UNESCO produziu uma Recomendação em Ética na Inteligência Artificial, que surge agora como de adoção urgente e indispensável, para proteção de todos, incluindo a própria Indústria de AI, até como forma de sobrevivência de empresas sujeitas a obrigação de relatório de sustentabilidade, em modelo ESG, ou outro.
De facto, a Governação das oportunidades e riscos associados à produção e à utilização de Algoritmos AI terá de ser uma preocupação da Gestão das Organizações utilizadoras, que não poderão dissociar-se dos eventuais desvios e responsabilidades que os seus algoritmos originem. Seguradoras poderão ter de explicar discriminações e fornecer fundamentação, Bancos explicar créditos, Hospitais explicar prioridades, Autoridades explicar perceção de possíveis comportamentos, Plataformas explicar sugestões de escolha, etc, etc.
O passado estatístico não poderá ter como consequência a perpetuação de discriminações e preconceitos, mas isso implicará uma atenta observação pela Sociedade dos reais impactes de cada Algoritmo para proporcionar aos seus fabricantes e utilizadores oportunidades de melhoria, para benefício da Indústria de AI e de todas as suas Partes Interessadas. Não se trata de descobrir malefícios, mas sim de identificar oportunidades de melhoria. Porque estamos a falar de ética e isso significa assumir que todos estarão interessados em fazer o Bem, até evidência em contrário.
A AI poderá ser uma imensa oportunidade de criação de riqueza para a Economia em Portugal. Mas teremos de, coletivamente, todas as Partes Interessadas, compreender os desafios da Indústria e de a orientar para o bem comum, defendendo e melhorando o nosso património de valores civilizacionais, sempre com a Pessoa no centro, com a sua belíssima diversidade, não deixando ninguém para trás.
É a grande mensagem da Agenda 2030 das Nações Unidas e, neste ano em que o Governo vai apresentar o 2º Relatório Nacional Voluntário ao UN High Level Political Forum , sejamos firmes na continuação dos esforços que muitos milhares de organizações, da administração central e local, empresariais e de serviço, publicas e privadas, realizam para a concretizar.
10 de Abril de 2023
Mário Parra da Silva, APEE, Presidente da Direção
Chair of the Board do UN Global Compact Network Portugal
Eixo II – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OBJETIVOS
Distinguir as organizações que assumem a responsabilidade sobre os impactes das suas decisões e atividades;
Criar valor para as suas partes interessadas e contribuir para o desenvolvimento sustentável;
Envolver o tecido empresarial português na temática da responsabilidade social e da sustentabilidade e promover o desenvolvimento de boas práticas;
Evidenciar e valorizar o trabalho já realizado pelas organizações portuguesas.
DESTINATÁRIOS
Organizações públicas e privadas, com e sem fins lucrativos, com boas práticas em Ética, Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
CONDIÇÕES ESPECIAIS
Associados APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial
Participantes UN Global Compact Network Portugal
Organizaões Coletivas pertencentes à Aliança ODS Portugal
Organizações de Economia Social, mediante seleção da Fundação Montepio
BENEFÍCIOS DE PARTICIPAÇÃO
Possibilidade de utilização, durante um ano, do Selo Práticas RS e Sustentabilidade;
Divulgação das organizações distinguidas, através da APEE e dos vários Parceiros Institucionais;
Participação em eventos promovidos pela APEE, com a apresentação de boas práticas;
Diferenciação em mercados externos;
Reconhecimento público das organizações distinguidas, traduzido em: vantagem competitiva, capacidade de atrair e reter talentos, credibilidade e reputação junto da comunidade;
Reconhecimento público do compromisso das organizações distinguidas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, no âmbito da Agenda 2030 da ONU.
Verificar condições especiais para a Organização (descontos para Associados APEE, Membros Quotizantes UN Global Compact Network Portugal, PMEs Líder, Organizações aderentes da Aliança ODS Portugal)
Enviar a Declaração de Condições de Base e os elementos de apoio à fundamentação da prática apresentada para [email protected], com o assunto de e-mail: RPRSS 2023 – Candidatura + Nome da Organização
*A candidatura ao Reconhecimento Práticas RS e Sustentabilidade implica a aceitação do respetivo regulamento.
Valorize a sua organização.
Candidate-a ao RECONHECIMENTO PRÁTICAS RS E SUSTENTABILIDADE!
O Congresso APEE – 20 Anos aborda os temas da Ética, Governação, Responsabilidade Social, Sustentabilidade, Normalização, Conciliação, Finanças Sustentáveis, Compras Sustentáveis, Bem-Estar e Igualdade de Género. No encontro são atribuídas Medalhas de Mérito, Reconhecimentos Ethical Code Compliance e é apresentado o Livro “APEE 20 Anos | Desenvolvimento Sustentável: Ética nas Organizações”.
A SRS, com realização anual desde 2006, tem este ano como tema central “Engenho Humano & Energia”, fundamentado na capacidade inventiva humana nas diferentes áreas da Sustentabilidade, no desenvolvimento tecnológico e no progresso das energias renováveis, com uma aposta crescente no autoconsumo e na cogeração. A iniciativa multistakeholder reunirá diversas entidades para debater a importância da implementação de boas práticas de Ética, Responsabilidade Social e Sustentabilidade, nomeadamente no âmbito da Agenda 2030 e dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Quais as razões que levam a Universidade de Coimbra a associar-se à comemoração dos 20 anos da APEE enquanto Gold Sponsor?
A Universidade de Coimbra possui e implementa padrões muito elevados no que respeita aos princípios e valores éticos.
A Ética é, para nós, um valor fundamental e a Responsabilidade Social um eixo transversal à nossa atividade. Os valores da APEE são assim por nós partilhados, e como tal temos a responsabilidade de contribuir para a consciencialização dos principais desafios e fomentar a partilha de conhecimento.
Por isso mesmo, quando convidados para nos associarmos a esta comemoração dos 20 anos da APEE, nunca poderíamos deixar de responder positivamente.
Como avalia o papel do trabalho da APEE em prol da promoção das boas práticas de Ética, Responsabilidade Social e Sustentabilidade junto das organizações portuguesas nestes 20 anos?
A APEE tem tido um papel fundamental na promoção, implementação e aprofundamento de valores éticos e na promoção da consciencialização da responsabilidade social nas organizações portuguesas. É de salientar a sua ação no apoio a modelos de desenvolvimento sustentável das instituições, nas suas diversas vertentes – da social à ambiental, sem esquecer a económica.
Este papel é em muito desenvolvido pela sua Academia de Formação, mas também pelas muitas iniciativas que organiza – como é o caso de mais uma edição da Semana de Responsabilidade Social, já na sua 17.ª edição, o que mostra, aliás, o sucesso deste importante evento.
Não posso deixar de fazer referência ao seu papel como organismo normalizador, desenvolvendo referenciais normativos essenciais nas suas esferas de atuação, produzindo normas que constituem referências para muitas organizações portuguesas. Tendo a Universidade de Coimbra um sistema de gestão bastante desenvolvido, estamos conscientes da importância destes referenciais e da sua utilização nas nossas práticas correntes.
O tema da SRS 2022 é “Engenho Humano & Energia”. Irina Bokova, Ex-Secretária-Geral da UNESCO, em 2017 enunciou que “A suprema energia renovável é o Engenho Humano”. Concorda com a premissa de que é no ser humano que reside a solução para as questões em torno da Sustentabilidade? Porquê?
Concordo, sem dúvida. Não foi de ânimo leve que colocámos as Pessoas no centro do quadro de referência estratégico da Universidade de Coimbra: constituem o nosso ativo mais importante e são o eixo central de movimento dos pilares estratégicos. Na nossa perspetiva, a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social representam atitudes, comportamentos e ações – das Pessoas -, enquadrando toda a atividade.
E portanto, por analogia a este nosso modelo, são de facto as Pessoas que constituem o motor da Sustentabilidade, nas suas diversas vertentes, ambiental, económica e social.
Vivemos num contexto particularmente difícil de crise energética. As energias renováveis terão necessariamente de fazer parte da solução. Na Universidade de Coimbra temos muitos projetos de investigação com o foco na energia e na sustentabilidade, e na vertente pedagógica disponibilizamos licenciatura, mestrados e doutoramentos nesta área. Procuramos assim formar cidadãos capazes de dar resposta ao mais premente dos desafios atuais da Humanidade.
No plano estratégico 2019-2023 referem que há duas dimensões dentro da Sustentabilidade e da Responsabilidade Social que se destacam atualmente, por um lado, o Ambiente e Ação Climática, e, por outro, a Cidadania, a Igualdade e Inclusão. De que forma é que a UC materializa esses dois eixos no seio da comunidade académica e junto das vossas Partes Interessadas?
Todo o nosso Plano Estratégico é materializado através de ações integradas num conjunto de mais de vinte planos de ação que suportam a concretização das linhas de orientação estratégicas, em particular, neste contexto, as das vertentes “Ambiente e Ação Climática” e “Cidadania, Igualdade e Inclusão”. É um modelo em cascata, transversal a toda a instituição, o que produz um efeito multiplicador nos impactos sobre todas as partes interessadas – sejam elas internas, como a nossa comunidade académica, ou externas, como os nossos parceiros ou a sociedade em geral.
Há naturalmente um envolvimento de toda a comunidade – de todas as Pessoas – na concretização dos objetivos que a UC pretende alcançar. Tomando como exemplo as vertentes em questão, e fazendo a ligação à questão anterior, é impossível alcançar o desígnio de ser a primeira universidade a alcançar a neutralidade carbónica sem que a comunidade académica se envolva; ou mais do que se envolva, seja ela própria o motor deste objetivo.
A ligação às partes interessadas externas é essencialmente concretizada através de Parcerias – mais um dos P do nosso modelo de desenvolvimento sustentável -, que são concretizadas no dia-a-dia da Universidade de Coimbra, através das ligações da comunidade académica ao meio exterior, nas diferentes missões – ensino, investigação e inovação, desafios societais e internacionalização.
No âmbito do desenvolvimento sustentável e dos projetos estruturantes que têm promovido para enfrentar os desafios societais, nomeadamente os preconizados na Agenda 2030 das Nações Unidas, quais gostaria de destacar?
Felizmente, são muitos os projetos estruturantes que têm contribuído para enfrentar os desafios societais.
Numa perspetiva internacional, destacaria a presença da UC na EC2U – European Campus of City-Universities | Campus Europeu de Cidades Universitárias, aliança criada no âmbito da iniciativa “Universidades Europeias” da Comissão Europeia, que foca a sua ação em Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e que, por exemplo, tem já em funcionamento este ano o primeiro mestrado conjunto, exatamente coordenado pela UC – o Mestrado em Cidades e Comunidades Sustentáveis.
Destaco também a intensa participação da UC na M8 Alliance, através da entidade Coimbra Health (uma parceria UC com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra), o consórcio Ageing Coimbra ou o MIA Portugal – Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento, o primeiro instituto de investigação no Sul da Europa focado nas bases moleculares e biológicas do envelhecimento, trabalhando para a saúde e bem-estar de uma população em envelhecimento.
Posso referir a iniciativa Healthy Campus UC – que tem como objetivo implementar um estilo de vida saudável entre a comunidade académica -, tendo a Universidade de Coimbra sido a primeira Universidade, a nível mundial, a garantir a certificação Healthy Campus – Platinium pela Federação Internacional de Desporto Universitário (FISU), o grau mais elevado desta certificação.
Com foco no ambiente, posso destacar a Iniciativa Energia para a Sustentabilidade que congrega docentes de mais de uma dezena de Unidades de I&D da Universidade de Coimbra, com longa experiência de ensino e investigação, nomeadamente nas áreas da energia e do desenvolvimento sustentável.
E olhando para a responsabilidade social, é de relevar o projeto UC Transforma, plataforma centralizada de ofertas de voluntariado e iniciativas de inovação social, que agrega pessoas e iniciativas sociais que necessitem de apoio e membros da comunidade académica disponíveis a ajudar; e o Plano de Igualdade, Equidade de Diversidade da Universidade de Coimbra, que contribui para concretizar os princípios estruturantes das práticas e políticas da UC no combate às desigualdades e na eliminação de desequilíbrios e barreiras, garantindo a igualdade de oportunidades de acesso e de fruição de direitos.
A ética é transversal à atividade da UC. Fale-nos um pouco da vossa Comissão de Ética e do trabalho que têm vindo a desenvolver.
Temos em funcionamento uma Comissão de Ética da Universidade de Coimbra e várias Comissões de Ética setoriais que se articulam com a primeira. No âmbito do Centro Académico e Clínico de Coimbra, existe igualmente uma Comissão de Ética conjunta que supervisiona todos os projetos de investigação que envolvam a UC e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
O nosso ecossistema de investigação e inovação está por isso completamente escudado. Fazemo-lo, em primeira instância, porque acreditamos que as boas práticas devem refletir uma imagem da missão da UC, para além do natural cumprimento da legislação vigente.
Mas neste âmbito destacaria que estamos a finalizar a atualização do Código de Ética e de Conduta da Universidade de Coimbra, que se encontra em discussão pública, e que brevemente deverá ser aprovado. O contexto atual de rápida transformação e forte necessidade de regulação do universo em que se movem as instituições de ensino superior, quer no contexto específico da investigação, quer nas demais missões em que
estas instituições são chamadas a intervir, tendencialmente crescentes, demanda uma ainda maior clarificação dos valores e princípios éticos que norteiam a sua atuação.
Em relação à SRS 2022, quais as principais expectativas que têm relação à sessão coorganizada pela vossa instituição subordinada ao tema das Comunidade de Energia Renovável?
Como é sabido, a UC é património classificado da UNESCO, o que muito nos honra. Mas o facto de possuirmos um património edificado histórico é muito desafiante noutras perspetivas, nomeadamente no que respeita a eficiência energética. Estamos por isso a trabalhar para aumentar a nossa produção de energia através da utilização de painéis fotovoltaicos – alguns já instalados e outros em processo de instalação -, que nos torne autónomos num prazo relativamente curto e contribua de forma decisiva para a nossa aposta de alcançarmos a neutralidade carbónica até 2030.
Este ambicioso projeto está em curso e prevemos que em 2023, porque é um processo que não depende exclusivamente de nós, iremos multiplicar por seis a nossa produção atual para autoconsumo. Simultaneamente, está também já a ser preparada a segunda fase desse mesmo plano para que em 2024 a Universidade de Coimbra consiga ser totalmente autónoma do ponto de vista energético.
Daí termos visto como pertinente a organização de uma sessão que conta com o Vice-Reitor com este pelouro, com o coordenador da Iniciativa Energia para a Sustentabilidade da UC e com stakeholders e investigadores que estudam o tema. Da sessão poderão resultar pistas para que outras organizações com características semelhantes às nossas se sintam motivadas a solucionar os seus problemas.
Que mensagem deixa aos seus stakeholders em matéria de Responsabilidade Social e Sustentabilidade?
Queremos afirmar que a UC desempenha um papel crucial na formação da nossa população, maioritariamente adultos jovens, numa fase em que a consolidação da sua personalidade é muito sensível aos estímulos recebidos.
Consequentemente, há que envidar esforços para que os valores humanísticos e a ética que lhes está associada façam parte do seu processo de crescimento.
A Universidade de Coimbra tem na sua missão a qualificação dos nossos jovens e é nossa tradição olhar com muita atenção para a responsabilidade social. Por isso mesmo, os valores éticos adquirem uma relevância ainda maior. Só seremos uma sociedade bem-sucedida se a população estiver bem formada e informada.
A APCER associa-se à comemoração dos 20 anos da APEE enquanto Silver Sponsor.
Em entrevista, José Leitão, CEO da APCER, acredita que “O ser humano é o único ser capaz de determinar o seu próprio destino de maneira racional. A crise energética e de recursos naturais, especialmente hídricos, já é uma realidade. A mudança de comportamento na procura de um mundo sustentável já não é mais uma questão de escolha, mas uma questão de sobrevivência.”
Quais as razões que levam a APCER a associar-se à comemoração dos 20 anos da APEE?
Acreditamos que o Congresso APEE – 20 anos e a 17.ª edição da Semana da Responsabilidade Social vão permitir aumentar a consciencialização para os desafios atuais e futuros, promover a partilha de conhecimento e incentivar as empresas e as organizações a repensarem os seus negócios, modelos de governação e a inovarem os seus processos, com o objetivo de contribuírem para uma sociedade mais sustentável.
Como avalia o papel do trabalho da APEE em prol da promoção das boas práticas de Ética, Responsabilidade Social e Sustentabilidade junto do tecido empresarial nestes 20 anos?
A APEE tem um papel fundamental na promoção, sensibilização e desenvolvimento da Ética Empresarial, da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade junto das organizações e sociedade. Destaco o seu papel como organismo normalizador setorial, onde tem realizado um trabalho notável no desenvolvimento de referenciais normativos de elevada qualidade e essenciais para a padronização de metodologias, com o intuito de tornar as organizações mais resilientes, competitivas e sustentáveis. Temáticas como a responsabilidade social, ética nas organizações, organizações familiarmente responsáveis, bem-estar e felicidade organizacional, finanças sustentáveis e economia circular, são debatidas nas respetivas comissões técnicas numa tónica colaborativa e de partilha de experiências e conhecimento, com o objetivo de criar ferramentas de valor acrescentado para as organizações.
O tema da SRS 2022 é “Engenho Humano & Energia”. Irina Bokova, Ex-Secretária-Geral da UNESCO, em 2017 enunciou que “A suprema energia renovável é o Engenho Humano”. Concorda com a premissa de que é no ser humano que reside a solução para as questões em torno da Sustentabilidade? Porquê?
Nos últimos anos temos assistido a várias catástrofes ambientais, que revelam que o planeta Terra está num processo de transformação constante, porém, acelerado pela própria ação do Homem. O ser humano é o único ser capaz de determinar o seu próprio destino de maneira racional. A crise energética e de recursos naturais, especialmente hídricos, já é uma realidade. A mudança de comportamento na procura de um mundo sustentável já não é mais uma questão de escolha, mas uma questão de sobrevivência.
Por isso, considero que somente a coesão dos valores morais e éticos dos cidadãos com o respeito e o cuidado do ambiente garantirão a mitigação das mudanças climáticas e a sobrevivência das futuras gerações.
A APCER escolheu o tema da ´Pegada Carbónica´ para a vossa sessão coorganizada nesta edição da SRS. No geral, como avaliam o estado das Organizações Portuguesas a este respeito? Há ainda trabalho a ter de ser desenvolvido?
Decorrente dos compromissos nacionais e europeus para a neutralidade carbónica e da crescente preocupação do público e organizações com as alterações climáticas, o cálculo da Pegada de Carbono tornou-se uma das principais ferramentas de gestão ambiental, que permite às organizações determinarem as emissões de gases com efeito de estufa e definirem medidas de compensação, controlo, redução e mitigação das mesmas.
A validação e verificação da pegada de carbono permite uma maior credibilidade na publicação de resultados e metas, a captação de novos clientes e a participação em programas de investimento e concursos, com requisitos em matéria de ambiente.
Os incentivos recentes para a descarbonização e a crescente solicitação pelo mercado têm pressionado as organizações a acelerarem o processo de cálculo das suas Pegadas Carbónicas.
A APCER, consciente da necessidade de acompanhar as organizações no caminho da neutralidade carbónica, disponibiliza um conjunto de serviços que permitem o conhecimento das principais ferramentas de gestão ambiental e a verificação e validação de dados.
Que iniciativas ou projetos estão previstos realizarem em 2023 para envolver e sensibilizar as vossas Partes Interessadas em matéria de Responsabilidade Social?
Tendo como propósito melhorar a qualidade e a sustentabilidade da vida, a APCER tem um papel fundamental na partilha de conhecimento e de experiência junto de todas as partes interessadas e da sociedade em geral. Em 2023 vamos dar continuidade ao processo de sensibilização e divulgação de boas práticas de responsabilidade social, quer através de iniciativas próprias, como pela presença em iniciativas promovidas por entidades de referência no tema, como é o caso da Semana de Responsabilidade Social, promovida pela APEE. De salientar que na sequência da implementação de um modelo de conciliação da vida profissional, pessoal e familiar, a APCER tem um papel fundamental na extensão de uma cultura de conciliação por toda a sua cadeia de valor.
Que mensagem deixa aos vossos stakeholders, que lhes permita acelerar a sua ação rumo ao Desenvolvimento Sustentável?
A sustentabilidade é da responsabilidade de todos. É uma jornada conjunta e uma oportunidade para inovarmos e construirmos a sociedade do amanhã, reduzindo desigualdades, travando o aquecimento global, produzindo de forma mais sustentável e garantindo o trabalho digno. Acredito que unindo todos os esforços conseguiremos alcançar as metas definidas na Agenda 2030. Na APCER trabalhamos todos os dias para melhorar o desempenho ambiental, social e económico das organizações e reconhecer todas aquelas que desenvolveram esforços neste sentido.